POLE DANCE E A CURA DE SÍ.

19/01/2019

O Pole Dance é mais que um esporte ou uma dança: é uma forma de empoderar mulheres. A história da Pim Lopes é a prova disso e com certeza vai te inspirar!

A Thaisa, idealizadora do blog www.teinspira.com.br , me pediu um texto sobre o Pole Dance, e logo me veio a questão: "Como colocar em palavras essa inundação de sentimentos sobre essa arte que, de um dia pro outro, se tornou o centro da minha vida, minhas escolhas, meu ser?"

Muito bem, Thaisa, pega na minha mão? Espero que nossa viagem seja boa.

Cada dia, cada workshop, cada treino, cada conexão entre as alunas, e todo o tudo que o Pole Dance me proporcionou. Cada artista que conheci, cada emoção que pude dançar, cada nova geração de estudantes de Pole que eu tive o privilégio de ver nascer e se apaixonar (com aquele cheiro de orvalho que só as coisas novas e boas têm). Tudo em um, o Pole. Por todo meu dia, cada dia, de verdade, o Pole.


A CURA DO EU

Eu era artista plástica e bailarina, depois eu era designer também.... Era.

Quando o Pole chegou na minha vida, veio pelo pior dos motivos: auto-estima lá no dedão do pé, insegurança em relação à minha beleza, minha sensualidade, minha força de mulher. A superação que o Pole me propunha era (e é) muito palpável, o fato de ver com clareza que um movimento não estava saindo em uma aula, e na aula seguinte (ou muitas aulas depois) ela saia, me mostrava de maneira didática que eu podia, eu era capaz de evoluir, se eu continuasse, apenas continuasse.

O simples fato de IR às aulas, dia após dia, já me garantia certas conquistas. No princípio não era necessária nenhuma dedicação, nenhum esforço extra, e isso me fazia tão bem.

Nessa fase eu pude compreender que evoluir é o caminho natural das coisas, se a gente se propõe a fazê-las com alguma disciplina.

A CURA DO NÓS

Depois dessa fase inicial, decidi me tornar professora, fiz as capacitações necessárias pra começar (e continuo a fazer mil outras mais, pois o conhecimento é um horizonte, a cada passo a frente, a linha do horizonte anda um passo a mais), e tive mais um susto-aprendizado com o Pole: as mulheres não são inimigas naturais. Mulheres são lindas, são carinhosas, amáveis, doces e fortes. Tem um senso de comunidade vigoroso, unidas pelo útero, um pulso latente de conforto (cuidando de cada amiga a sua volta). Mulheres são guerreiras e carregam uma enxurrada de preconceitos impostos pela sociedade, todas elas/nós.

"Todas doemos, todas lutamos, todas podemos ser quem gostaríamos de ser. Aprendi que o Pole podia ajudar nisso." 

Dando aula eu vi o amor nascer dentro do meu coração (como sou cliché! Çokohooo!), curei feridas muito doloridas em relação às mulheres (e como eu havia aprendido isso durante minha infância e adolescência), às disputas entre o meu gênero. Aprendi a amar outra mulher com o mesmo amor que o Pole havia me ensinado a me amar, aprendi a querer que minhas alunas evoluíssem tanto quanto queria isso pra mim. Ser professora me tornou menos minha, passei a olhar mais o outro, amar o outro, viver por nós.


A CONSTRUÇÃO DO CORAÇÃO FORA DO PEITO

Em 2017 eu e minha sócia decidimos abrir uma escola de Pole Dance. Tínhamos vivenciado o Pole um certo tempo e achávamos que conseguiríamos montar uma escola limpa e segura, com uma infra estrutura prática e aconchegante, porque afinal o nossos corações já tinham muitas alunas, precisávamos alocá-las em um lugar maior. Criamos a Pólen. Pólen Studio de Dança.


Um grão de pólen, um sopro de vida, um mundo a florescer. Algo tão pequeno, (do grego "pales" = "farinha" ou "pó"), o conjunto dos minúsculos grãos produzidos pelas flores, elementos reprodutores que fecundam os óvulos, que posteriormente irão se transformar em sementes.

Fecundamos amor ao parir a Pólen. Mudamos vidas, incentivamos mulheres, crescemos juntas, formamos sementes de amor-próprio, força física e emocional. Formamos nossa colmeia. Nessa fase do Pole eu descobri o significado da palavra SENTIDO (de sentir, de direção a seguir, de propósito de vida).

HOJE

Hoje eu sou isso, vivo nesse caminho, para sentir e ver sentido.
Não tenho a vida social que queria ter, nem tantos amigos quanto ja tive. Não posso ir aos happy hours, pois dou aula nesse horário. Tenho que me alimentar bem, pois o corpo é meu instrumento de trabalho, além de muito perecível.

Faço renúncias o tempo todo para continuar vivendo essa existência tão maior, a de viver por algo além do eu.

Texto: Pim Lopes